Pesquisas de bem-estar, com visão integral do ser humano, relacionadas ao uso de cosméticos? ...

Ciência além da pura ciência

Pesquisas de bem-estar, com visão integral do ser humano, relacionadas ao uso de cosméticos? Sim! Por que não?

Se acreditamos que o ser humano não se resume apenas a “carne e osso” nossa pesquisa não deve se resumir apenas aos parâmetros físicos que a pele é capaz de apresentar. Precisamos ir além, tanto na investigação científica como na criação de produtos e serviços que favoreçam o bem estar físico, mental e espiritual.

A pele expressa muito mais que a liberação de água, sais minerais e lipídeos. A pele expressa sentimento e emoção. E para entender essa expressão, precisamos conhecer melhor “o dono da pele”. O que essa pessoa sente? No que ela acredita? Quais são seus valores? Como e com quem se conecta?

Para muitos cientistas, esta investigação não faz sentido, pois suas crenças resumem-se apenas ao que os olhos são capazes de enxergar. Para estes, o pragmatismo proposto por Descartes no século XVII continua imperando. Para outros, porém, ela se tornou essencial. Pesquisadores que acreditam na importância da conexão corpo-mente-espírito querem trazer esta realidade para a produção científica, tanto para contribuir com a ampliação do nível de consciência dos demais, como para sustentar cientificamente determinadas práticas que são capazes de harmonizar o ser humano e restabelecer-lhe a saúde e longevidade.

Neste contexto, vale lembrar que com a globalização, a visão holística das medicinas tradicionais e suas práticas milenares que promovem o equilíbrio corpo-mente-espírito tem sido cada vez mais difundidas no ocidente.

No final da década de 70, a Organização Mundial da Saúde criou o programa de medicina tradicional, para oficializar suas práticas de saúde e estimular o desenvolvimento de estudos científicos que comprovem a segurança, eficácia e qualidade das mesmas. O documento “Estratégia da OMS sobre Medicina Tradicional 2002-2005” abre o caminho para o uso dessas práticas pelo mundo.

No Brasil, o Ministério da Saúde publicou, em 2006, a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS (PNPIC), abrangendo conhecimentos da Medicina Tradicional Chinesa (Acupuntura), Homeopatia, Fitoterapia, Medicina Antroposófica e Termalismo-Crenoterapia (uso de águas termais para fins preventivos, terapêuticos e de manutenção da saúde). Posteriormente aprofundaremos esses conhecimentos.

Os profissionais que aderem às práticas integrativas e complementares precisam desenvolver uma visão holística do ser humano e, para isto, cultivar a espiritualidade. E quando falamos em espiritualidade, mesmo os céticos hão de aceitar que sua busca favorece o bem-estar.  Uma pesquisa recentemente publicada (Johnstone, 2012) mostrou que a espiritualidade está positivamente relacionada ao bem-estar mental e negativamente relacionada ao neuroticismo.

A pesquisa com visão integral do ser humano, além de trazer inputs para a inovação em produtos e serviços atrelados ao bem-estar, busca acima de tudo respeitar os voluntários da pesquisa, considerá-lo não apenas um “n”, mas uma pessoa que empresta sua história para que possamos aprender com ela e aprimorar nosso negócio. Neste sentido, vale meditar sobre a frase de um dos maiores cientistas da história, Albert Einstein:” Tornou-se chocantemente óbvio que a nossa tecnologia excedeu a nossa humanidade”.

 

Referência:

Johnstone B, Yoon DP, Cohen D, Schopp LH, McCormack G, Campbell J, Smith M. Relationships Among Spirituality, Religious Practices, Personality Factors, and Health for Five Different Faith Traditions. J Relig Health. 2012;

Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS (PNPIC) – Ministério da Saúde, 2006. Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/geral/pnpic.pdf. Consulta em: 10/11/2012;

Estrategia de La OMS sobre medicina tradicional 2002-2005 – Organização Mundial da Saúde, 2002. Disponível em: http://whqlibdoc.who.int/hq/2002/WHO_EDM_TRM_2002.1_spa.pdf. Consulta em: 10/11/2012.