Sustentabilidade

Claudia Chow

Ao invés do petróleo, esta plantação de cana-de-açúcar pode ser a fonte de biopolímeros renováveis. ...

Biopolimeros

Biopolímeros

Ao invés do petróleo, esta plantação de cana-de-açúcar pode ser a fonte de biopolímeros renováveis. Fonte: Wikipedia.

As embalagens descartáveis produzidas a partir de fontes não-renováveis têm participado de diversos problemas ambientais que vão desde a não renovação da matéria-prima até a precariedade das políticas públicas, nos quesitos de instalações de aterros sanitários, separação correta do lixo e destinação à coleta seletiva. Além disso, o plástico derivado do petróleo não se deteriora em tempo hábil e muitas vezes algumas variedades não são economicamente viáveis para reciclagem, ficando acumuladas em rios e em locais públicos.

Por isso, existe grande empenho em encontrar uma embalagem que minimize a agressão ao meio ambiente, que mantenha as características do produto embalado e que seja aceita economicamente no mercado dos polímeros de petróleo.
O uso de embalagens biodegradáveis é visto como uma ótima opção para minimizar a deposição de materiais de longa durabilidade no solo, uma vez que materiais fabricados a partir de biopolímeros se decompõe em contato com microorganismos em condições favoráveis de umidade e água, condição que também impõe um dos maiores desafios no desenvolvimento de um novo material para a indústria, como uma embalagem para produtos não-secos.

Atualmente, as pesquisas em torno das embalagens biodegradáveis tem utilizado principalmente biopolímeros, aqueles obtidos de variedades de plantio em larga escala, como a cana-de-açúcar, milho ou a batata. Os biopolímeros, como os obtidos a partir do amido, são compostos de unidades monoméricas designadas açúcares, aminoácidos e nucleotídeos, de origem biológica. Aqueles que conhecemos atualmente como sintéticos, obtidos do petróleo, são feitos a partir de monômeros de etileno, butadieno ou mesmo propileno.

Os primeiros trabalhos científicos em busca de embalagens biodegradáveis foram baseados na substituição de parte da matriz sintética, derivada geralmente do petróleo, por uma matriz de amido, onde muitas dificuldades foram encontradas devido à incompatibilidade do amido com polímeros sintéticos. No Brasil, dois grupos de pesquisadores da Universidade Estadual do Londrina (UEL), estão trabalhando arduamente buscando minimizar esta incompatibilidade e já obtiveram resultado relevante em suas pesquisas. Recentemente, foram produzidos materiais compostos de biopolímeros de mandioca e de fibra de cana de açúcar, destinados à produção de bandejas para produtos secos. O uso do novo material ainda é restrito a este tipo de produto devido à interações com a umidade do ar, que pode deteriorá-lo. O trabalho completo dos pesquisadores da UEL pode ser conferido aqui e aqui.

Celulose, exemplo de um biopolímero natural bastante resistente. Fonte Wikipedia.

Outro grupo de pesquisadores da mesma universidade, tem obtido também plásticos feitos com mandioca para acondicionar mudas de plantas, para proteger frutas ou como cobertura do solo para produção de hortaliças. Este grupo utilizou Glicerol como plastificante para diminuir a rigidez do plástico e tem testado esta substância para avaliar se seu grau de pureza influencia a forma como o plástico interage com a umidade do ar e com os gases do ambiente. Além disso, como o plástico se decompõe após algum tempo em contato com o solo, isto evita o manuseio demasiado das mudas após plantio, impedindo possíveis danos às raizes.

Ainda há muito a ser aprendido sobre os biopolímeros e nosso país tem se destacado nos esforços para encontrar algo que supra as necessidades dos consumidores, que ofereça as mesmas (ou melhores) condições de acondicionamento proporcionada pelos polímeros de petróleo. Apesar das várias linhas de atuação dos pesquisadores do bioplástico e das contradições entre tantas pesquisas, como por exemplo sobre qual o plastificante seria mais adequado em cada embalagem, ambos ressaltam em seu trabalho a importância de se produzir materiais capazes de diminuir a troca de gases e água entre o produto acondicionado e o meio, retardando o apodrecimento dos alimentos e impedindo o crescimento de microorganismos. Ressaltam também a importância de se encontrar um plastificante que atenda a necessidades fisiológicas dos produtos assim como a necessidade econômica do país, que de forma alguma trocará uma tecnologia de décadas sem antes garantir que está pisando em solos firmes do bioplástico.