Sustentabilidade

Claudia Chow

Embora seja o mais conhecido, o velcro não é o único exemplo de biomimética que temos ...

Biomimética, uma nova ciência

Tentar solucionar problemas que hoje o mundo nos coloca com um menor impacto, o menor consumo de energia e menor utilização de matéria-prima é o grande desafio, e uma das saídas para encontrar essas respostas é a biomimética. O conceito dela  não está apenas em copiar a natureza, mas nos fazer “aprender a inteligência dos mecanismos” e com isso  “inspirar-se” nela. Em suma, a biomimética consiste em entender os mecanismos que regem a vida e inspirar-se nela para aprimorar outras áreas da ciência, visando por exemplo, a economia de recursos e a eficiência energética.

O velcro é um dos exemplos mais famosos de criações inspiradas nos mecanismos biológicos. Em 1491, o engenheiro Georges de Mestral inspirou-se nas sementes das plantas do genêro Arctium, da família Asteraceae, que grudavam em suas roupas e no seu cão durante suas caminhadas pelos Alpes. Baseado nesta inspiração, criou uma alternativa para unir materiais de maneira simples e reversível.

Embora seja o mais conhecido, o velcro não é o único exemplo de biomimética que temos. A biomimética também é utilizada em muitos projetos arquitetônicos, dos quais um bastante famoso é o Eastgate Center, na cidade de Hare, no Zimbábue, inaugurado em 1996. Com o tamanho de 5.600 m² de área comercial, 26.000 m² de escritórios e 450 vagas em seu estacionamento, ele não possui ar-condicionado convencional. O sistema diferenciado de ventilação do ar foi baseada nos cupinzeros do país, que mantém sua temperatura regulada em exatos 30°C (para manter vivos os fungos que são a base da alimentação dos cupins), enquanto a temperatura externa varia de 1°C (à noite) a 40°C (durante o dia).

O Eastgate Centre no Zimbábue utiliza o resfriamento passivo como princípio e gasta 10% menos energia que prédios do mesmo tamanho. O princípio é simples: durante o dia o calor do sol e das máquinas dentro do prédio é absorvido pelas paredes da construção, o prédio esquenta, mas não muito. No fim do dia, a temperatura cai e o ar quente interno sobe (por ser menos denso) e com a ajuda de ventiladores pela chaminé do prédio, fazendo com que o ar mais frio (e mais denso) ocupe as partes inferiores do prédio, assim o ar mais fresco vai ocupando todo o edifício até atingir uma temperatura agradável para o dia seguinte.

Descrição: https://lh5.googleusercontent.com/gCU-poy961N-V-pJV5hdHiyQqQRwOb9sSFO7MKamyj9LH6abJA-ITkNyPn6r-RCzMAZ-qW3uiB_LONfywiAvPCF4vBCYmp4gK6Ql6NtRyouG280AiUQ

Eastgate Centre com suas chaminés características de seu sistema diferenciado de refrigeração.


Tentar reproduzir as soluções da natureza para resolver nossos problemas do dia a dia  é uma alternativa mais inteligente e sustentável, vide os exemplos acima. Provavelmente não será amanhã que todos os nossos desafios serão resolvidos dessa forma, mas temos que começar a olhar a natureza com outros olhos.

Referências: 

http://scienceblogs.com.br/brontossauros/2007/10/os-carrapichos-e-os-velcros/

http://inhabitat.com/building-modelled-on-termites-eastgate-centre-in-zimbabwe/

http://biomimicryinstitute.org/case-studies/case-studies/termite-inspired-air-conditioning.html