Bem-estar e Ciência das Relações

Carolina Lavini Ramos

Desde que o homem começou a tomar conhecimento dos mecanismos de funcionamento de processos naturais e biológicos ...

Tratamentos com luz

Tratamentos com luz

Desde que o homem começou a tomar conhecimento dos mecanismos de funcionamento de processos naturais e biológicos, ele tenta artificialmente mimetiza-los para seu melhor usufruto. Assim acontece, por exemplo, com o desenvolvimento de cosméticos e produtos a partir de extratos botânicos naturais ou mesmo com a utilização de uma vacina. A vacina nada mais é do que uma apresentação de uma molécula estranha ao nosso corpo para que ele a reconheça reaja e esteja preparado quando de fato encontrar o microrganismo que a possui.

Com a radiação solar, responsável pela manutenção da vida na Terra, não é diferente. Além da sua importância para produção de oxigênio pelos seres fotossintetizantes, produção de vitaminas em nossos organismos, os mecanismos benéficos da luz sobre os tecidos biológicos também vem sendo aproveitados artificialmente. Podemos citar o uso da luz azul para tratamento de icterícia (pigmentação amarela dada pelo excesso de bilirrubinas na pele de recém-nascidos) assim como da luz infravermelha para fisioterapias.

Tratamentos estéticos e dermatológicos foram possibilitados a partir da década de 60 com o desenvolvimento do laser. No entanto existe uma variedade de técnicas e formas de uso de energia. Dependendo da potência aplicada em uma área em um determinado espaço de tempo, os mecanismos biológicos acionados são distintos e assim como seus resultados.

Assim, podemos basicamente dividir as formas de tratamento com luz em métodos ablativos e não ablativos. Os ablativos são altamente invasivos e causam uma remoção tanto da camada epidérmica como da dérmica induzindo seu remodelamento (DeHoratiuset al,2007). Esse procedimento melhora a firmeza, aspereza e rugas da pele facial assim como a redução de manchas, no entanto, pode ter efeitos colaterais graves como infecções, inflamações e cicatrizes (DeHoratius et al,2007).

Os não ablativos aparecem como uma alternativa mais branda de tratamento e sua forma de agir nos tecidos é distinta, podendo ser usados para tratamento de tumores malignos, acne, regeneração tecidual e alívio de dor, assim como tratamentos odontológicos (DeHoratius et al,2007). Mas é importante ressaltar que muitas vezes esses tratamentos são complementares aos tratamentos convencionais, como quimioterapias e cirurgias de cânceres (Atilli, et al,2011).

Os dispositivos usados também para rejuvenescimento pelos métodos não ablativos podem ser categorizados em: lasers de infravermelho; terapia fotodinâmica (PDT, do inglês, Photodynamic therapy); diodos emissores de luz (LED,do inglês light emitting diode) baseados nos mecanismos de ação da terapia com luz de baixa intensidade. A seguir destrincharemos um pouco cada um deles para entendermos suas funções.

Alguns comprimentos de onda dos lasers de infravermelho aquecem o tecido e estimulam a produção de colágeno melhorando as rugas finas. Já para o PDT é necessário um agente fotossensibilizador que será modificado pela luz produzindo moléculas que poderão induzir morte celular, sendo assim utilizados no tratamento de tumores malignos e acne. Os LED são dispositivos de uso doméstico que podem até auxiliar no alívio de dor. Seu mecanismo é baseado na modificação fotoquímica, quando uma molécula presente em nossos tecidos modula a síntese de proteínas. No entanto os protocolos utilizados nos estudos clínicos ainda são bem variados, assim como as técnicas onde essas radiações são empregadas, impossibilitando por ora um consenso quanto ao entendimento dos mecanismos de ação ainda controversos, desses dispositivos sobre a pele.

Infelizmente não temos linhas suficientes para abordarmos todas as variedades de tratamento e protocolos que vem sendo publicados pela comunidade científica. Assim, da mesma forma que essas técnicas são benéficas, elas podem ser prejudicais se potências ou mesmo comprimentos de ondas forem usados inadequadamente. Portanto leiam, se informem, pesquisem sempre em fóruns científicos e procurem profissionais competentes antes de tomar qualquer decisão.

 

Referências Bibliográficas

Attili SK, Ibbotson SH, Fleming C. Role of non-surgical therapies in the management of periocular basal cellcarcinoma and squamous intra-epidermal carcinoma: a case series and review of theliterature.PhotodermatolPhotoimmunolPhotomed. 2012 Apr;28(2):68-79

DeHoratius DM, Dover JS. Nonablative tissue remodeling and photorejuvenation.ClinDermatol. 2007 Sep-Oct;25(5):474-9. Review. PubMed PMID: 17870525.