Inovação Aberta e Colaborativa

Cristiane Rodrigues

Á área de Inovação é certamente a “menina dos olhos” de qualquer empresa. ...

Propriedade intelectual e Inovação aberta

Á área de Inovação é certamente a “menina dos olhos” de qualquer empresa. Porém, trabalhar com o tema em questão é pensar constantemente nas chances de sucesso, bem como nos riscos envolvidos. A correta e eficiente gestão da propriedade intelectual e dos ativos intangíveis de uma empesa possibilita uma melhor gestão destes riscos e possibilita, ainda, a proteção dos resultados, como forma de reconhecimento da inovação gerada e retorno financeiro dos investimentos despendidos.

Quando se fala em gestão da Propriedade Intelectual, as primeiras modalidades de proteção que vem à mente são, imediatamente, marcas e patentes. De fato, estes são os instrumentos mais comumente utilizados, quase que de maneira exaustiva.

Porém, em um ambiente em que a inovação aberta é incentivada e a cocriação colaborativa em redes é estimulada, é preciso ter um olhar ainda mais amplo para se apropriar dos resultados gerados em projetos da inovação, o que não implica necessariamente em depositar um pedido de patente e exercer um monopólio sobre a inovação gerada. Em outras palavras, a Propriedade Intelectual deve ser vista não apenas como ferramenta para garantir a exclusividade e vantagem competitiva sobre determinada tecnologia, mas também como um dos principais motores propulsores da inovação.

Para tanto, é preciso conhecer bem, dentro do universo da empresa e de seus parceiros ou de sua rede, as modalidades de propriedade intelectual disponíveis e que podem ser exploradas no país de origem e também nos mercados-chave, seja na forma de uma estratégia geral para as inovações geradas, seja na forma de uma estratégia específica para cada tema.

A título de exemplo, uma empresa que gera inovação como a Natura pode comunicar e se apropriar dos resultados gerados por difusão ampla do tema em mídia especializada, resguardando assim os direitos, valorizando o trabalho do pesquisador e trazendo reconhecimento da empresa a qual este pertence dentro daquele tema, potencializando a percepção do consumidor final sobre o valor agregado ao produto.

Por outro lado, dependendo do tema em questão, o melhor caminho pode ser o mais óbvio, ou seja, a apropriação dos resultados por patentes, sendo que a proteção cumulativa por outros instrumentos não deve ser descartada. O importante é que a escolha da melhor modalidade seja feita de forma consciente, não apenas “patentear por patentear”.

Neste sentido, vale mencionar, ainda, que mesmo a modalidade de patentes possui um leque de possibilidades que podem e devem ser exploradas para alavancar a inovação aberta tais como, por exemplo, patentes verdes e adesão às ferramentas como WIPO Green, Green Exchange, dentre outras.

Assim, resta claro que os benefícios em utilizar a Propriedade Intelectual como ferramenta para gerar mais valor à Inovação são diversos, dentre os quais se pode citar a sofisticação e reconhecimento do modelo de Propriedade Intelectual, elevando-o a um novo patamar que agrega diferenciação para a estratégia de Inovação, quebra de paradigmas por meio da inspiração em modelos mundiais de inovação radical, geração de valor se apropriando e efetivamente explorando as criações do ponto de vista econômico, social e ambiental, além de garantir um portfolio de ativos intangíveis mais sólido.

 

Cristiane Rodrigues é farmacêutica formada pela Universidade São Judas Tadeu – SP. Atualmente atua na área técnica de Propriedade Intelectual, em inteligência e estratégia de proteção e avaliação de risco.

Contato: cristianerodrigues@natura.net