Na primeira parte do “Diálogo sobre felicidade” conversamos a respeito do tema sem mencionarmos quais os dois principais aspectos que os estudiosos, desde Aristóteles até a psicologia positiva contemporânea, consideram como fundamentais para a felicidade. São eles: hedonia e eudaimonia (1,2,3,4).
De uma maneira geral, a hedonia refere-se ao prazer. Eudaimonia, por sua vez, corresponde a uma experiência de vida significantemente valiosa e produtiva, ou seja, uma vida- bem-vivida. Conceitualmente, esses dois aspectos diferem entre si. Empiricamente, porém, observa-se que as pessoas que apresentam score alto para questionário de hedonia, também o apresentam para questionário de eudaimonia, o que mostra que um verdadeiro estado de bem-estar e felicidade inclui tanto o prazer, como uma vida engajada, valiosa (1,3).
Quando falamos em prazer, facilmente o identificamos como um aspecto importante para a evolução. Neste sentido, destacamos as três principais fontes de prazer para o ser humano que são comuns também a outras espécies: o alimento, o sexo e a interação social. Por outro lado, basicamente apenas os humanos desfrutam de prazeres abstratos ou culturais, como a realização pessoal, intelectual, artística, musical, altruística, assim como de prazeres transcedentais (1,4). Em breve dedicaremos um post para dialogarmos mais a respeito dos prazeres transcedentais, ou seja, sobre o bem-estar relacionado à espiritualidade.
Como o prazer é um componente importante da felicidade, um dos caminhos de se conhecer os mecanismos biológicos que a geram, é estudar os circuitos cerebrais envolvidos na sensação de prazer.
Pesquisas recentes em neurociências têm identificado diferentes regiões do cérebro ativadas durante uma experiência de prazer, sendo as principais: núcleo acumbens, pallidum ventral e tronco cerebral. Outras regiões também envolvidas são: amígdala e córtex, especialmente córtex pré-frontal, nas sub-regiões orbito frontal, cíngulo anterior e ínsula (1).
A descoberta das rotas do prazer é de grande interesse para a ciência, mas também para o mercado, já que empresas de diversos segmentos como farmacêutico, alimentício e cosmético podem usufruir deste conhecimento para o desenvolvimento de produtos e serviços atrelados ao bem-estar.
Para finalizar de uma forma leve, vamos refletir um pouco sobre a palavra prazer! Seu significado agrega sinônimos como contentamento, alegria, jovialidade, satisfação, deleite, delícia, boa vontade, agrado, distração, divertimento (6). Curiosamente, sua etimologia vem do latim “placere” – ser aprovado, aceito, querido - e é relacionado a “placare” – aquietar, acalmar (7).
De fato, na quietude e calmaria de espírito desfrutamos a verdadeira paz, encontramos satisfação em viver, e nos reconectamos com nossa essência, que é a essência do amor e da felicidade.