Inovação Aberta e Colaborativa

Leonardo Garnica - Gerente Sistemas de Inovação

Inovação aberta e colaborativa

Seja pelo poder de gerar impactos superiores no nível da cadeia de inovação seja pelo compartilhamento de investimentos e riscos, os consórcios são uma tendência principalmente para as atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação.

Inovação aberta e colaborativa

Seja pelo poder de gerar impactos superiores no nível da cadeia de inovação seja pelo compartilhamento de investimentos e riscos, os consórcios são uma tendência principalmente para as atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação.
 
Em busca do aumento do impacto e maximização do esforço de inovação aberta, as parcerias estão se tornando cada vez mais amplas, incluindo uma série cada vez maior de atores. Esse fenômeno também converge com o movimento de formação de redes de colaboração. Os conceitos de abertura e cooperação em P&D, conexão em rede e interação indicam relacionamentos capazes de desempenhar um papel mais relevante e de mais longo-prazo na geração de inovação em vez das colaborações caracterizadas apenas por ligações pontuais de parceria, como por exemplo, um projeto isolado, sem a estruturação de uma agenda de pesquisa mais comum entre os parceiros.
 
Perkemann e Walsh (1) realizaram estudos publicados em 2007 envolvendo a dimensão relacional da interação considerando diferentes segmentos da indústria e mostraram que há um fortalecimento da busca por relacionamentos e longo-prazo através de ciclos de inovação ao invés do foco em tecnologias, patentes e oportunidades pontuais disponíveis.
 
Há também algumas experiências que demonstram o fortalecimento de redes de inovação como geradoras de valor compartilhado, O uso de modelos mais robustos de interação são considerados uma tendência para integrar soluções de problemas, pessoas altamente capacitadas e criativas, com base na interação (2).
 
Nesse caminho, os consórcios se destacam como um dos modelos de interação para promoção da P&D. Um consórcio envolve um arranjo de pesquisa colaborativa entre diferentes organizações e atores de inovação com a perspectiva de médio e longo prazo buscando compartilhamento de riscos e investimentos em pesquisa. A ideia é que companhias, instituições de pesquisa entre outros atores com competências complementares – até mesmo concorrentes em alguns casos - desenvolvam, em conjunto, novas tecnologias, produtos e serviços, especialmente na fase pré-competitiva em que os riscos de pesquisa são mais altos. Com os resultados, cada empresa pode seguir fazendo aplicações específicas nas etapas seguintes da P&D. Isso permite o compartilhamento de riscos, acelera o desenvolvimento de tecnologias mais incipientes, além de permitir que a propriedade intelectual gerada seja compartilhada, uma vez que trata-se de proteções mais amplas.
 
Um dos exemplos de excelência no modelo de consórcio é visto no caso do Media Lab. O Media Lab,iniciativa ligada ao Instituto de Tecnologia de Massachusetts, proporciona um ambiente único para explorar pesquisas fundamentais e suas aplicações na intersecção da computação e as artes (3). Dentro do Media Lab funciona um consórcio que é financiado entre por empresas e programas conjuntos com outros departamentos do MIT. Atualmente, são 80 membros, em sua maioria empresas do mundo todo que são escolhidas para participarem. Há uma anuidade que é paga ao Media Lab que se traduz em uma possibilidade aos associados em acessar as pessoas e as tecnologias que são desenvolvidas dentro do Lab engajando cientistas em seus desafios de inovação. A propriedade industrial do Media Lab pode ser utilizada por todos os membros simultaneamente no período em que os mesmos estão associados e realizando os investimentos previstos em contrato. O orçamento aproximado do Lab é de US$ 45 milhões (4).
 
Atualmente, a Natura possui duas participações diretas em consórcios. Desde 2012 a Natura é membro do Media Lab e diversos projetos têm sido discutidos dentro dos temas de atuação do Lab. O principal benefício observado é elevar o patamar tecnológico da empresa a partir de sua interação com ciência de fronteira, podendo prospectar tecnologias mas também discutir problemas e estruturar projetos conjuntamente com pesquisadores do MIT Media Lab.
 
Outra iniciativa com características de consórcio em que a Natura está engajada é um projeto liderado pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas – IPT envolvendo recursos da Empresa Brasileira de Inovação Industrial (Embrapii) e mais 3 empresas. O projeto foca o tema de nanotecnologia, as partes envolvidas estão compartilhando riscos e resultados do projeto. A estratégia para conciliar a propriedade industrial e uso pelas partes foi dividir em duas grandes partes os resultados. Um resultado mais geral em termos de plataforma nanotecnológica que é de propriedade do IPT e resultados aplicados com objetos de pesquisa das empresas participantes, os quais serão de propriedade específica entre as empresas e o IPT de forma separada.
 
O futuro aponta para uma necessidade de evolução nos modelos de interação entre os atores do sistema de inovação buscando viabilizar mais investimentos e compartilhar riscos preservando a competitividade das empresas, a geração e proteção do conhecimento e, por fim, a geração de valor compartilhado para a sociedade.
 
Conteúdo publicado originalmente no blog PECTEN: http://pectem.blogspot.com.br/2014/09/inovacao-aberta-e-colaborativa.html